Como administrar startup de forma eficiente?

Publicado quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Um dos erros fatais das startups é não saber conciliar a inovação com a gestão. “Um dos principais problemas que temos hoje é o fato do cara que teve a ideia não ser capaz de gerir e muitas vezes não quer ninguém fazendo isso por ele”, afirma Francisco Perez, da Inseed Investimentos. “Esse problema não acontece só com as startups. Ocorre com todas as empresas que estão começando”, esclarece a professora Dariane Castanheira, do Provar da FIA.

Os especialistas garantem que alguns passos simples podem resolver o problema antes do caixa começar a ficar vermelho. O primeiro deles é o empreendedor saber se tem capacidade para gerir uma empresa ou não. “Quem visualiza o negócio não é necessariamente um gestor”, diz Dariane. Confira a seguir outras dicas úteis:

Saiba admitir que não é capaz.

“O que acontece é que geralmente a pessoa tem uma ótima visão técnica, mas não conhece bem o mercado”, explica Marcos Hashimoto, coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper. Essa é a opinião da maioria dos especialistas quando o assunto é administração de uma startup. Nessas horas, o excesso de autoconfiança é um veneno. Se o empreendedor não gosta de ficar no meio de contas e planilhas, a dica é contratar um gestor ou chamar uma consultoria para fazer esse trabalho.

Como perceber? “Normalmente, quando ele se dá conta já está no vermelho”, diz Hashimoto. “O caixa é a forma mais fácil. Depois a falta de tempo, que indica que ele está muito sobrecarregado”, explica a professora da FIA. Mesmo com uma pessoa na gestão é normal existir um conflito entre o administrador e o técnico. “Isso deve ser estimulado porque é bastante saudável desde que os dois tenham uma visão em comum. Ter diferentes pontos de vista é normal e importante para tomar decisões mais completas, conscientes e corretas”, opina Hashimoto.

Capacite-se.

Se o empreendedor que teve a ideia do negócio também vai cuidar da gestão precisa ter um cuidado inicial. “A primeira coisa é estar perto da universidade”, diz Solange Mata Machado, coordenadora do Centro de Estudos de Inovação e Aceleração de Negócios da Business School São Paulo.

A boa notícia é que a capacidade de gerir pode ser aprendida. “Se o empreendedor se julgar capaz deve ir para a faculdade, fazer pós-graduação ou cursos de aperfeiçoamento sobre o tema.”, defende Dariane. Segundo ela, essa conscientização tem aumentado. “As turmas de pós em Administração de Pequenas e Médias Empresas da FIA crescem todo ano”, diz.

Olho no fluxo de caixa.

“Quando o empreendedor tem o chão mais firme debaixo dos pés, precisa menos de atitude empreendedora e mais de capacidade de gestão, ou seja, noção de vendas, atendimento e controle de recebíveis e pagamento”, diz o coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper, Marcos Hashimoto.

É nessa hora que o fluxo de caixa aparece como um poderoso termômetro para não se perder nas contas. “O fluxo de caixa é um instrumento de gestão diário. As outras ferramentas são controladas. Até a empresa ter uma massa crítica suficiente para ir buscar outros recursos, que podem ser pessoas, parceiros ou financiamento, é preciso ter um controle extremamente rígido. Essa fase deve durar até ela alcançar um faturamento de 500 mil a 1 milhão de reais”, garante Solange, da BSP.

Durma com o plano de negócios.

O fluxo de caixa também é parte importante do plano de negócio. “O empresário precisa andar com ele debaixo do braço. O plano de negócios precisa ser como o fluxo de caixa. Precisa dormir com isso porque é ele que vai determinar a vida ou a morte da empresa”, diz Solange. A professora da FIA ressalta a importância de manter o plano de negócios sempre atualizado. “Tem que manter vivo o plano de negócios, que vai se transformar em um plano de resultados a curto prazo. Faça a gestão visando manter a rentabilidade prevista no plano inicial”, explica.

O mais importante não é o que tem no plano de negócios, mas como esse plano é olhado e usado. “Ele tem que ser revisto constantemente. Não é algo estático, com perfeição e cheio de detalhes que vai levar ao sucesso”, confirma Solange.

Esteja pronto para os imprevistos.

Não tenha a pretensão de fazer uma gestão profissional na sua startup. “Todo planejamento muito detalhados pode não dar certo porque essa é uma fase de concepção do negócio, do produto ou serviço”, defende o coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper. “Quando se monta um negócio, o início é caótico. O dia a dia tem tantos eventos aleatórios que o business plan não dá conta”, diz Solange.

A solução?

“Geralmente é com a cara e a coragem. Precisa ter muito jogo de cintura. A gente vê a atividade empreendedora nessa capacidade de lidar com as circunstâncias”, diz Hashimoto.

6. Mantenha-se criativo

Gestão, segundo a professora da FIA, é escolher uma estratégia e fazer um plano com base nela. “O empreendedor precisa saber quais estratégias vai escolher para que o negócio dê certo. Isso depende de seis fatores: inovação, tecnologia, qualidade, recursos humanos, formação e técnicas de informação e comunicação”, diz. O segredo é manter esse processo ativo. Sempre. “Se você teve uma ideia muito criativa, não quer dizer que você vai parar o processo de criação. Ter uma ideia só não basta para sobreviver”, opina Solange.

Usar a colaboração dos funcionários é uma forma de manter a inovação. “No mundo de hoje, as ideias brilhantes são copiáveis. Por isso, não pense só no dinheiro, pense em continuar a alimentar a criatividade e a inovação mesmo nas empresas pequenininhas”, ensina Solange.

Priscila Zuini, de EXAME.com

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